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o forte de S. Luís, de onde lhe dispararam muitos canhonaços, viu nele hasteada a bandeira de Portugal e na baía muitos nav:os novos. Rasilly, que nos conta isto, ajunta com marcado exagero que os Portugueses já tinham no Maranhão muitos engenhos de açúcar e três minas de ouro em exploração ( 161 ). Apesar de liquidado, houve em 1618 esperanças de reanudar o estabelecimento dos Franceses no Maranhão. Mais ou menos por esse ano Rasilly, tendo voltado do Piemonte onde est:vera a com– bater até à conclusão da paz, apresentou a Luís XIII um memorial em que, depois de relatar as promessas que lhe fizeram e os prejui– zos que sofrera por causa do l'vfaranhão, dizia que, graças a Deus, o Rei com a sua generosa resolução remediara todos esses males e dele, assim como do seu Conselho, livre finalmente das misérias passadas, só se podia esperar razão e justiça. Por isso pedia-lhe meios e poderes para ir, acompanhado dos Franceses que a isso se oferecessem, retornar com coragem e valor o que com cobardia e ignomínia se tinha deixado usurpar pelos Portugueses ( 162 ). Em outros termos, Rasilly pedia ajuda e licença para reconquistar o Maranhão e não sabemos a que generosa resolução de Luís XIII se referia, como ignoramos também qual foi a resposta que lhe deu o Rei da França. Estas vagas esperanças de retomar o I\1aranhão coincidem, ao menos no tempo, com as negociações que La Ravardiere fazia em Lisboa. Dissemos que Alexandre de Moura o levou consigo, para o tirar de ser corsário; em meados de 1616 já estava em Lisboa, pois a 21 de Setembro e 23 de Dezembro desse ano o Rei dispensou-o de pagar direitos nas alfândegas da capital portuguesa por dezasseis caixas de açúcar que trouxera do Maranhão (m). Foi depois deci– dido dar-lhe dois mil cruzados ( 1 ü•). por ter entregue, sem com– bate, o forte de S. Luís, mas não contente com isso apresentou outras (161) Ver ao fim o documento n.° X. (lfl 2 ) Ver ao fim o documento n." X. Rasilly diz neste memorial que em– pregara sete anos a trabalhar pelo Maranhão: por isso, com as devidas precau– ções. damos a este documento a data de 1618. (1ô 3 ) Simancas, Secretarias provinciüis, liv. 1513, ff. 95 v e 140 r-v. ( 16 ª) BERNARDO PEREIRA DE BERREDO, ob. cit., p. 178, diz com notável exagero terem dado a La Ravardiere 2.000 reis por dia, o que então era soma exorbitante. 152 [70]

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