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cesa. Gui Cormier, o principal dos sessenta e cinco ou setenta repa– triados que nela iam, disse que levava consigo os dois últimos Capu– chinhos do Maranhão; oito dias depois de terem saído, havia já um mês, da Ilha Grande, devia partir a outra nau com oitenta Franceses e sem nenhum frade. Além disso ficariam no Maranhão cinquenta Franceses, por assim o terem querido. Os Capuchinhos, ao virem-se embora, entregaram a igreja com as suas alfaias a um frade portu– guês de S. Francisco , isto é, a um dos Capuchos que acompanha– vam Jerónimo de Albuquerque. Luís Dexor e João Perot disseram mais ou menos o mesmo nas declarações que fizeram e o segundo tornou a recalcar que nesta nau iam os dois últimos Capuchinhos do Maranhão. No entanto, tinham-se hospedado em casas particulares de Car– tagena os passageiros do barco avariado e, demorando bastante o seu conserto, o Governador determinou a 16 de Janeiro de 1616 que os dois frades com alguns Franceses seguissem na fragata de Francisco Montrel, prestes a sair com um aviso para Espanha, onde os entregariam em Sevilha, na Casa da Contratação ( 151 ). Assim decerto se fez e os dois Capuchinhos, sem demora, devem ter passado da Espanha para França, desembarcando talvez num porto da Bretanha. Frequentava então o Convento dos Capu– chinhos de Nantes uma cr:ança portuguesa de nove anos, chamada Gonçalo Vaz Neto, e ouvindo os frades falar de missionários saí– dos do Maranhão por não serem portugueses, pediu-lhes o hábito cfe Capuchinho para poder um dia ir para as missões sem medo de que o expulsassem; não o atenderam então, mas o pequeno Gon– çalo mais tarde fez-se Capuchinho, tomou o nome de Fr. Cassiano, foi para a Abissínia e, tendo aí recebido o martírio, foi beatificado em 1905 ( 152 ) • A 6 de Junho de 1616 os Padres Celestino de Bouteville e Francisco de Bourdemare assinaram, em Morlaix, as actas da pro– fissão de alguns noviços ( 153 ). A presença de dois antigos missioná- ( 1s1) Estes autos, muito interessantes e ainda inéditos, encontram-se em Sevilha, Arq. Geral de índias, Audiéncia de Quito, maço 158. ( 152 ) Ver o nosso estudo Um Filho de PortugHeses Mártir na Abissínia: o Beato Cassiano de Nantes, Braga, 1956, pp. 9-10. ( 153 ) Londres, Museu Britânico, ms. additional 20.230, f. 31 r-v, segundo a cópia conservada na Bib. Franciscana Provincial dos Capuchinhos de Paris, cód. 2051. p. 21. 148 [66]

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