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Os dias que seguiram passaram-se na preparação da partida do navio Le R.égent. Nele embarcou o português Gregório Fragoso de Albuquerque, que ia a Paris explicar a nova situação ao embai– xador espanhol e talvez também ao governo de França, então aliado da Espanha. Em carta entregue a esse português pelo seu tio Jeró– nimo de Albuquerque, datada de 13 de Dezembro e dirigida ao Embaixador espanhol em Paris, dizia-se-lhe que poderia saber notí– cias circunstanciadas do Maranhão por meio do Padre Arcanjo, Comissário dos Capuchinhos, o qual se retirava para França. De facto, este religioso com os seus frades, exceptuados dois que deixou no Maranhão com hum Clerigo de Missa, isto é, um padre secular, também embarcou no Le R.égent, chefiado pelo capi– tão Ou Prat, assim como uns cem Franceses, que se retiravam desanimados. A partida foi a 16 de Dezembro de 1614 ( 144 ). Já dissemos que Campos Moreno escreveu, para ser consequente com a afirmação de La Ravardiere, terem então embarcado dezoito Capu– chinhos, mas também afirmámos que, segundo Gui Cormier e João Lerot, dois Franceses que ainda ficaram no Maranhão e estavam melhor informados, os frades que então embarcaram foram dez. A 23 de Maio de 1615 já havia tempo que o Le R.égent tinha chegado a França. Nesse dia Malherbe, escrevendo a Peiresc, disse que um tal Ou Prat trouxera do Maranhão duas mulheres, que ia expor nuas em Paris à curiosidade do público. Ainda se não podiam ver, porque as estavam a pintar à moda das Tupinambás, mas Ou Prat prometera um bilhete ao poeta, que esperava vê-las no dia seguinte ( 1 "). Como se estava longe do entusiasmo religioso com que o povo de Paris, em 1613, se aglomerava para ver os três Índios que vinham baptizar-sel Agora Ou Prat, que pouco aprendera com a convivência dos frades e nada conseguira decerto com as diligên– cias que fizera por indicação de La Ravardiere, consolava-se com os cobres que ia auferir, deixando ver duas índias nuas a quem lhe pagasse o bilhete de entrada. Era essa uma maneira de se recom– pensar dos ganhos que esperava e já não podia alcançar do Mara– nhão. (114) lbdem, pp. 108-109 e 111. ( 14 5) Ver ao fim o documento n.º III. í. 144 [62}

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