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sos e não vinte, de nenhuma maneira. La Ravardiere, portanto, está muito longe de ser testemunha digna de confiança. Jerónimo de Albuquerque, escrevendo em 3 de Dezembro de 1614 ao Embaixador espanhol em Paris, disse-lhe que havia vinte Capuchinhos no Maranhão; Diogo de Campos Moreno afirmou o mesmo e, para ser consequente, quando referiu a retirada dos fra– des, disse que o Padre Arcanjo embarcara com dezassete, deixando no Brasil apenas dois, o que quer dizer que eram vinte ao todo ( 137 ). Jerónimo de Albuquerque e Campos Moreno, porém, não convive– ram com os frades franceses, viram apenas de fugida alguns deles, como à frente o contaremos, e por isso, para as suas afirmações guiaram-se pela carta de La Ravardiere. Não são, portanto, três testemunhos, mas apenas um e este não pode ser verdadeiro. Para deixarmos arrumada esta questão, digamos que Gui Cor– mier, o principal dum grupo de Franceses que se retiravam para a sua pátria, declarou judicialmente nos últimos dias de 1615 ou nos primeiros de 1616 que dois anos antes tinham chegado ao Mara– nhão trezentos compatriotas seus com treze Capuchinhos; no mês de Dezembro que se seguiu ao combate entre os Portugueses e La Ravardiere, foram para França dez Capuchinhos e com ele, Gui Cormier, iam então os dois últimos destes religiosos. Cormier afir– mou também que alguns Capuchinhos morreram no Maranhão, o que é um engano decerto, po:s só sabemos que isso aconteceu ao Padre Ambrósio de Amiens. João Perot, um dos companheiros de Cormier, declarou nessa ocasião o mesmo, especificando que dos treze Capuchinhos um era clérigo, isto é, padre secular ( 138 ). Temos, portanto, que os Capuchinhos chegados em 1614 eram doze e doze eram também os que estavam no Maranhão, quando se deu o combate de Guaxenduba. Os Padres Ivo e Arsénio tinham-se já retirado. Por conseguinte, a afirmação de que os franceses eram vinte, feita por La Ravardiere e copiada por Jerónimo de Albuquer– que e Diogo de Campos Moreno, não pode ser verdadeira. Não estranha, porém, que com ela vários autores se tenham enganado. Manuel de Sousa de Eça, por exemplo, já o dissemos atrás, afirmou serem dezoito os Capuchinhos que em 1614 passaram pelo (137) Collecção .. ., vol. cit., pp. 108, 75 e 111. ( 1 S 8 ) O auto onde estão as deposições destes franceses encontra-se em Sevilha, Arq. Geral de Indias, Audiência de Quito, maço 158. 140 [58}

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