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Sousa de Eça, na Breve Relação da Jornada da Conquista do Maranhão, escrita um ano depois, disse que o navio francês chegou ao Buraco das Tartarugas em 19 de Junho com trezentos soldados e dezoito Capuchinhos ( 120 ). A data da chegada está em desacordo com o auto jurídico, feito segundo o depoimento de várias testemu~ nhas no próprio Buraco das Tartarugas a 20 de Junho; não há dúvida, portanto, de que Sousa de Eça se enganou e o ~u teste~ munho sobre o número de soldados e de frades também não tem valor, pois não concorda com o de Rasilly, o qual melhor do que ninguém sabia quanta gente tinha embarcado no Le Régent. O sar– gento-mor Campos Moreno escreveu que a nau francesa chegou ao Buraco das Tartarugas em 17 de Junho de 1614 ( 121 ). mas nem vale a pena perder tempo em rejeitar esta afirmação. O citado sargento-mor disse que os sucessos dos presídios do Seará e do Buraco das Tartarugas foram logo comunicados ao Governador do Brasil, que residia em Pernambuco, po's já então em menos de um mês levavam cartas por terra para distâncias superiores a duzentas léguas; a notícia daqueles sucessos, trazida por dois soldados, recebeu-se em Pernambuco a 15 de Julho (m). Isto bate certo, pois o Governador do Brasil, em 20 de Agosto de 1614, participou para Portugal que uma nau francesa passara pelos dois referidos presídios a caminho do Maranhão, com mulheres para o povoarem e frades, verdadeiros ou falsos, que se intitulavam Pro– vinciais da índia Ocidenatl; ajuntava o Governador que, instalados os Franceses no Maranhão, não seria de admirar que se estendes– sem pelas índias de Castela e dessem muito que fazer aos Espa– nhóis. Para prova disso, enviava o auto que se fizera no Buraco das Tartarugas e a carta do Padre Baltasar João, com a resposta de (120) lbdem, II, Fortaleza, 1909, pp. 165-166 e também em Dornmentos para a História da... Costa de Leste-Oeste do Brasil, p. 124. Em um e outro sitio esta Relação está publicada em espanhol, segundo a tradução feita em Madrid, a 9 de Julho de 1615, mas o original português, ainda inédito, conserva-se em Sevi– lha, Arq. Geral das índias, Patronato Real, maço 272, n.º 4, junto com a referida tradução espanhola. (121) Collecção... , vol. cit., p. 10. ( 122 ) Ibidem, p. 11, onde por gralha evidente se escreve Junho em vez de Julho. 132 [50/

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