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Quando os Tupinambás foram recebidos no Louvre a 15 de Abril de 1613 com Rasilly e o Padre Cláudio, a Rainha Regente prometeu diante de todos os assistentes dar-lhes vinte mil escudos franceses, pedir ao Papa um jubileu e exortar o clero a contribuir para as despesas da expedição, como o fizeram Príncipes e Grandes da Corte. A facção espanhola, isto é, os que com o ensejo do pró– ximo casamento de Luís XIII com a filha de Filipe III apoiavam uma aliança íntima com a Espanha, opunham-se a que se ajudasse a empresa do Maranhão e conseguiram convencer a Rainha Regente a dar apenas a Rasilly seis mil escudos, dos vinte mil prometidos, e entregar-lhe depois os catorze mil com o dinheiro angariado por meio do Jubileu e pela contribuição do clero. Rasilly, desapontado, serviu-se então de dez mil escudos fran– ceses da sua própria fortuna e por si mesmo, como pelos Capuchi– nhos, conseguiu de Príncipes, Princesas e Senhores da Corte tal ajuda, que pôde consertar o navio Le Régent, de 400 toneladas, e embarcar nele trezentos homens com os três índios e doze Capu– chinhos, aos quais o Rei, em pleno Louvre, disse que brevemente lhes enviaria Rasilly com tudo o que lhe fora prometido. Os fautores da aliança com a Espanha, ludibriados na esperança de impedirem a partida do Le R.égent com o conselho que deram à Rainha, conseguiram dela que revogasse a carta, já assinada, em que se pedia .ao Papa a graça do Jubileu e que o Núncio ia reco– mendar ( 100 ). Rasilly, sabendo isso ao voltar do Hâvre, solicitou ajudado pelos Capuchinhos os catorze mil escudos prometidos, mas não os pôde alcançar; acudiu ao clero para dele obter a contribui– ção estabelecida e recebeu a resposta de que só lha dariam depois de a Rainha ter entregue o que prometera. Membros do Parlamento e da Câmara de Paris aconselha– ram-no a pedir à Ra;nha licença de angariar, entre as pessoas de bem da capital, subsídios para fazer avançar a empresa do Mara– nhão. A Princesa de Conty foi apresentar esse pedido a Maria de Médicis que lhe respondeu que nem isso podia permitir, pois seria prejudicar o Rei da Espanha. Rasilly, vendo que a sua empresa do 1\1:aranhão estava votada a completo abandono por parte do ( 1 ºº) Já em 1 de Agosto de 1613 o Núncio, escrevendo para o Vaticano. falava do êxito da missão dos Capuchinhos e para ela pedia indulgências (Arq. Vaticano, Nunciatura de França, vol. 55, f. 431). 126 [44]

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