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já tinham conseguido que devotas mulheres os aceitassem para maridos ( 70 ) • Não sabemos a data desses casamentos, mas não há dúvida que se efectuaram. Quando em 5 de Dezembro de 1614 o capitão e sar– gento-mor Diogo de Campos Moreno visitou o Forte dos Franceses, que dias antes tinham sido venc'.dos no combate de Guaxenduba, foram-lhe apresentados dois dos índios, que se baptizaram em Paris, e as suas mulheres francesas; o terceiro já tinha então falecido. Assim o diz o próprio Campos Moreno na Jornada do Maranhão por ordem de S. M. feita o anno de 1611 ( 80 ). Malherbe refere-nos também outra particular:dade, não indi– cada pelo Padre Cláudio, sobre a estada dos Tupinambás em Par:s. Em cartas de 20 de Agosto e de 10 de Outubro de 1613 fala duma sarabanda, isto é, duma composição musical para uma dança assim chamada, composta por Gautier, célebre tocador de alaúde, para acompanhar os saracoteios dos Índios. Essa sarabanda enviara-a o poeta ao seu filho Marco António, que vivia na Provença perto de Peiresc, e este pôde-a assim ouvir, mas não deu a sua opinião sobre ela ( 81 ). O compositor era Ennemond Gault:er, conhecido também por Gaultier de Lião, terra da sua naturalidade, ou Gaultier o Velho, para o diferençar de outros músicos da sua família. Ennemond Gaul– tier ( 1575-1651 ) foi camareiro da Rainha fvfaria de Médicis e, depois, seu professor de alaúde; gozou fama de ser o melhor alau– dista do seu tempo e as suas mais célebres peças, para se tocarem com esse instrumento, foram publicadas em 1680 com o título Pieces de Luth en Musiqu1? por Perrine. Como neste livro se põe apenas a música de várias sarabandas, não o sabemos se alguma delas é a que se compôs para a dança dos Tupinambás. Pelo que até aqui fica dito, vê-se que a viagem dos índios a Paris obteve grande sucesso e chamou a atenção do povo, da corte e até do governo. Não foi, portanto, inútil tê-los trazido do Mara– nhão e sem a sua presença talvez se não conseguisse a ajuda tão ansiosamente esperada pelos Franceses do Forte de S. Luís, no outro lado do Atlântico. (rn) Ver ao fim o documento n." III. d, e e e. ( 80 ) Publicada na Collecção de Noticias para a Historia e Geographia das Nações ultramarinas que vivem nos Domínios portuguezes ou lhes s!io vizinhas, r, n.º IIII., Lisboa, 1812, p. 102. ( 81 ) Ver ao fim o documento n." III. f e y. 120 [38]

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