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ano publicou-se avulsa uma linda gravura a representar o Baptismo dos três Tupinambás (i 8 ). Aqui a reproduzimos e julgamos ser esta a primeira vez que isso se faz. Malherbe, em carta de 23 de Junho, escreveu que, se não hou– vesse apertos, assistiria no dia seguinte ao Baptismo dos Tupinam– bás; não o fez e no 29 de Junho ajuntou que sobre essa cerimónia se reportava ao relato de Valadez, que teve a sorte de a presenciar muito bem colocado e era irmão de Peiresc, com quem o poeta se correspondia. Oxalá se pudesse encontrar, entre os manuscritos deixados pelo sábio e exótico Peiresc e ainda hoje conservados, essa carta do seu irmão Palamede De Fabri, Senhor de Valavez. Nas duas cartas citadas, assim como numa anterior de 22 de Ma:o, Malherbe refere-se a uma particularidade sobre os Tupinam– bás, não indicada pelo Padre Cláudio: as negociações para os casa– rem com francesas e assim se confirmar a união da França com o Maranhão. Na primeira carta diz que pediu muito a uma Princesa para deixar que na sua casa se festejassem esses casamentos, de que tanto se falava. Diga-se de passagem que na França uma Princesa não é necessàriamente a filha dum Rei e aqui trata-se duma senhora de família muito nobre. Essa Princesa ter-lhe-ia respondido, se se não trata duma invenção do poeta, que de bom grado admitiria à sua mesa os índios, mas não as mulheres, que tinham de ser de má vida. Malherbe ajunta que isso não indica que ela não recebesse pessoas dessa categoria, mas o escândalo, assim como o patíbulo, é só para os desgraçados. Esta conversa, ainda que não seja inven– tada, é apenas uma gracinha do poeta, que não tinha o encargo de arranjar casa para o almoço dos casamentos dos Índios, mas mostra como então em Paris essa projectada cerimónia era assunto muito falado e não escasseavam remoques às mulheres que a ela se subme– tessem. Na carta do 23 de Junho Malherbe diz que já havia mulheres preparadas para os Tupinambás; na do 29 de Junho acrescenta que os Capuchinhos, para completar a cortesia que faziam aos três índios, ( 78 ) Soubemos que esta gravura esteve numa expos1çao franco-brasileira, que há poucos anos se realizou no maravilhoso Palácio Soubise, na capital da França; o Senhor Padre Raul de Sceaux, Arquivista dos Capuchinhos de Paris fez então tirar dessa gravura uma fotografia, que amàvelmente nos ofereceu. {37} 119

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