BCCCAP00000000000000000000536

as suas melhores penas e de maracá na mão; podemos ajuntar que decerto vestiam os lindos fatos que lhes deram em Ruão e talvez viessem a dançar. Hospedaram-se nesse Convento de Capuchinhos e a gente que os queria ver era tanta que procurava forçar as portas e, não o con– seguindo, prorrompia em injúrias contra os frades. Por isso foi pre– ciso que o Rei mandasse pôr guardas à porta do convento. A notícia da chegada dos índios correu rápida por toda a França e atravessou até as fronteiras. O Provincial dos Capuchi– nhos de Paris, que ia a caminho de Roma, soube-a na Itália, antes de a receber por carta dos seus frades, e não admira, pois, como atrás dissemos, em I613 tinham-se publicado duas edições da tra– dução italiana dum folheto francês, referente à Missão dos Capu– chinhos no Brasil; o Papa Paulo V, ao saber que os Índios tinham vindo pedir, em nome do seu povo, mais missionários, felicitou a Rainha Regente da França por esse fausto acontecimento e pro– meteu ao Provincial dos Capuchinhos de Paris que, aos novos mis– sionários do Maranhão, daria todas as faculdades acostumadas. Pouco depois de terem chegado a Paris, Rasilly, o Padre Cláudio e os índios foram recebidos no Louvre, em audiência solene, por Luís XIII e pela sua Mãe, a Rainha Maria de Médicis. Um dos índios pronunciou um discurso na sua língua, em nome dos principais chefes do seu povo, a pedir mais missionários para os fazerem filhos de Deus e valentes soldados para os defenderem; em troca prometeu que seriam sempre súbditos fiéis do Rei da França e amigos de todos os Franceses. O jovem Luís XIII muito folgou por ver esses índios e espon– tâneamente respondeu que defenderia todos os Tupinambás, seus novos súbditos; a Rainha Mãe afirmou que não fora vã a sua espe– rança, ao enviar a expedição de Rasilly, e acrescentou que lhes mandaria missionários para os ensinarem, juntamente com muitos valentes Franceses para os defender ( 00 ). Segundo Malherbe, esta audiência teve lugar a 15 de Abril e os Índios dançaram diante dos Reis uma espécie de saracoteio, branle em francês, sem se agarrarem com as mãos e sem se mexerem do ~ítio que ocupavam; de instrumento servia-lhes uma cabaça. ( 00 ) C. DE ABBEVILLE. ob. cit., pp. 263-266. 114 [32}

RkJQdWJsaXNoZXIy NDA3MTIz