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Os Franceses eram religiosamente atendidos e aconselhados pelo Padre Ivo, que se ocupava também com os muitos Índios que o iam ver ao convento de S. Francisco e lhe levavam crianças. Alguma que outra vez fazia um baptizado, principalmente de mori– bundos, depois de os ter instruído como lhe era possível; a muitos que lhe pediam o Baptismo não lho dava, e se lho desse, di-lo ele com patente exagero, já teria uns trinta ou cem mil cristãos. Isso indica ao menos como eram muitos os índios que queriam bapti– zar-se. Fazer-lhes a vontade seria imprudente, sem se ter a segu– rança de que haviam de perseverar na fé cristã, segurança que só podia haver depois da vinda do socorro que Rasilly fora solicitar na França ,isto é, depois de existirem fundadas esperanças de se não sossobrar com o ataque dos Portugueses. A 20 de Dezembro de 1612 inaugurou-se a capela dos missio– nários, feita de madeira coberta com folhas de palmeira; era ainda uma capela provisória, mas mais segura do que a palhota que, no meio de árvores verdejantes, lhes tinha servido durante quatro meses para celebrarem os ofícios religiosos ( 61 ). O Padre Arsénio de Paris estacionava principalmente em Juniparã, a aldeia mais importante da Ilha Grande, onde os índios tinham querido construir a todo o custo duas palhotas, uma para servir de capela e a outra para residência dum missionário. Per– corria também as outras povoações, foi a Tauitapera, na Terra Firme, e visitava com frequência o Padre Ivo, cujas muitas ocupa– ções lhe não permitiam abandonar o convento de S. Francisco. Fr. Arsénio tinha, portanto, menos convívio com os Franceses e, por isso, Pézieu pôde escrever em 2 de Julho de 1613 que esse mis– sionário já tinha aprendido a língua indígena; decerto muito con– tribuiu para o catecismo nessa língua, feito pelos Capuchinhos franceses, do qual à frente falaremos. Os dois missionários davam-se bem com o protestante La Ra– vardiere, ou ao menos não tinham queixa dele; assim o disse Pézieu na data indicada, ajuntando que a situação da Colónia era calma e progressiva. Talvez possamos acrescentar que isso em parte se devia ao espectro do ataque dos Portugueses e à espe– rança da chegada do reforço que Rasilly havia de trazer. As notí- (º 1 ) FERDINAND DENIS, ob. cit., p. 70. [29] 111

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