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das Árvores Secas, isto é, na ponta de terra firme a leste da Ilha de Santa Ana, para ali celebrarem a festa da Senhora da Conceição. Na manhã do dia 9 de Dezembro Rasilly e o Padre Cláudio despediram-se do Padre Arsénio e de La Ravardiere e iniciaram a travessia do Atlântico. Como na vinda, também desta vez os ven– tos os fizeram arribar na costa inglesa, em Falmouth e Dartmouth, onde tiveram de ficar seis semanas. Finalmente, a 16 de Março de 1613, estavam à vista da cidade do Hâvre, na costa da França ( 50 ). Pézieu, que depois de La Ravardiere era o principal dos Franceses que ficavam no Maranhão, afirmou em carta de 1 O de Dezembro terem regressado à França com Rasilly alguns dos seus compatriotas, desanimados uns, e outros ansiosos por tra– tarem dos seus negócios. O Le Régent poucas mercadorias levava, porque os negociantes de Dieppe tinham esvaziado o Maranhão e encheram-no de bugigangas e vestidos, de modo que os índios já não sabiam que fazer deles ( 57 ). O que impulsava Rasilly para a França, tão pouco tempo depois de ter desembarcado no Brasil, era a pressa de trazer sol– dados e munições, artesãos e víveres. Com isto afiançar-se-ia a nova Colónia. Os Franceses precisavam de forças suficientes para resis– tirem aos Portugueses, cujo ataque se previa para breve. O contrato do casamento de Luís XIII com Ana de Áustria, filha de Filipe IIL assinara-se em Madrid, a 22 de Agosto de 1612 ( 58 ), e ainda que tal notícia não tivesse chegado ao Maranhão, sabia-se aí que se faziam negoc:ações para esse enlace. Como Portugal com o Brasil estava atrelado à Espanha e Filipe III de Castela era Dom Filipe II intruso de Portugal, bem se podia prever que as negociações que se fizessem para aquele casamento haviam de procurar impedir o estabelecimento dos Franceses no Maranhão. Esse estabelecimento era um maravilhoso ponto de apoio para a França interceptar as comunicações das índias de Castela com a Espanha, ou em termos mais claros, para atacar e roubar a cobiçada frota da prata. Pézieu, com muita propriedade, chamou àquela nova Colónia uma porta que a França tinha para passear (56) Ibidem, pp. 258-260. ( 57 ) Brief Recveil... , pp. 11 e 10. ( 58 ) Uma cópia desse contrato está no Quai d'Orsay. Correspondance poli– tiqrze, Espagne, vai. 12, pp, 319-320. /27] 109

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