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o primeiro Capuchinho a ser sepultado em terras do Brasil; o seu falecimento muito entristeceu os dois companheiros que andavam a visitar a Ilha, os quais só no dia seguinte tiveram conhecimento dessa triste perda, e isso mais convencidos os deixou de que era pre– ciso ir quanto antes a França buscar ma:s Capuchinhos ( 49 ). Na reunião que numa aldeia se teve com motivo da presença de Rasilly, um índio muito velho, que dizia ter mais de 180 anos ( I) e lembrar-se da chegada dos Portugueses a Pernambuco, afirmou que os Franceses os estavam a imitar. Os Portugueses, ao princípio, só vinham para comerciar e os missionár1os que traziam arvoravam solenemente a Cruz, faziam lindas cerimónias e ensinavam-lhes coi– sas boas. Os Franceses igualmente só ficavam ali umas semanas a comerciar e abalavam depois para a sua terra com a promessa de voltarem em breve com mais coisas lindas que trocariam pelos pro– dutos da terra. Posteriormente os Portugueses instalaram-se em Pernambuco e começaram a requisitar índios para os trabalhos que queriam fazer, isto é, escravizavam-nos, dizia o velho, e por isso muitos fugiram para o interior. Agora também os Franceses, apesar de trazerem missionários, que como os dos Portugueses ensinavam coisas boas, decid'.ram ficar naquela terra e para as obras que ten– cionavam fazer andavam a angariar Índios, isto é, iam-nos escra– vizar. Des Vaux viu-se em dificuldades para responder a isto e natu– ralmente disse que os índios deviam ter confiança, pois nunca seriam mal tratados pelos Franceses que eram muito melhores do que os Portugueses. Esta resposta não tranquilizou aquela gente, tanta era a autoridade do velho, e antes de a poderem convencer, Rasilly e a sua comitiva tiveram de se retirar para o forte de S. Luís. Dias depois o francês Migan, que durante anos vivera com os índios do Maranhão e fora íntimo amigo daquele velho, foi enviado à sobredita aldeia para o convencer, assim como os que tinham ficado abalados com a sua exposição, de que os Franceses eram me– lhores do que os Portugueses. O Padre Cláudio escreveu que os 1ndios se tranquilizaram e o velho prometeu nunca mais falar de tão ( 4 º) C. DE ABBEVILLE, ob. cit., pp. 101-106 e FERDINAND DENIS, Viagem ao Norte do Brasil pelo Padre Ivo c!'Evreux, Rio de Janeiro, 1929, p. 234. 106 [24]

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