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III - OS CAPUCHINHOS E COM ELES OS FRANCESES PROCURAM AFIANÇAR O SEU ESTABELECIMENTO NO MARANHÃO Corno vimos, os quatro Barbadinhos vindos de França instala– ram-se na Ilha Grande do Maranhão. Os Índios receberam-nos muito bem e um dos seus chefes, em reunião que dias depois teve com Rasilly acompanhado de alguns Capuchinhos, queixou-se dos Portugueses com os quais tinham t:do lutas nas regiões de Pernam– buco e Rio Grande do Norte. Parece que os Índios, Tupinarnbás os chamavam, se concen– traram no Maranhão precisamente para fugirem dos Portugueses: ao menos eram da mesma raça que os que se encontravam naquelas regiões e sabiam o que lá acontecera. Os Tupinambás, preguiçosos a mais não poder ser e extremamente zelosos da sua independência, guerreavam-se, matavam-se e comiam-se uns aos outros; estes seus predicados são-nos refer:dos pelos próprios Franceses desta expe– dição, corno Pézieu e Cláudio de Abbeville ( 10 ). Não admira que os Portugueses, fortemente instalados em Pernambuco e no Nor– deste do Brasil e ansiosos de fazerem progredir essa terra ou de se enriquecerem com ela, quisessem governar aqueles índios e obri– gá-los ao trabalho; disso provinham as lutas e parte dos Tupinam– bás, para não serem incomodados, refugiaram-se no Maranhão, aonde ainda não tinha chegado a ocupação estável e continuada de Portugal. Com os Franceses até 1612 não tinha acontecido o mesmo. Frequentavam eles, havia já uns quarenta ou cinquenta anos ( 11 ), a costa Leste Oeste do Brasil, mas era apenas para negociar; depois de algumas semanas iam-se embora, com os barcos recheados de produtos brasileiros. Os índios ficavam radiantes com as bugi– gangas adquiridas e, como não eram obrigados pelos Franceses ao trabalho, nem sujeitados ou civ:Jizados, deles pensavam naturalmente que eram muito boa gente. À França, que queria estabelecer uma Colónia no Maranhão, convinha que os índios a aceitassem de bom grado e, por isso, La ( 40 ) Brief Recveil.... pp. 11-12 e 20: C. DE ABBEVILLE, ob. cit., PP. 228 e segs. ( 41 ) Assim o disse Des Vaux aos fndios, segundo C. DE ABBEVILLE, ob. clt., p. 116. 102 {20}

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