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Tudo o que até aqui afirma o Padre Nembro, excepto apenas o que se refere ao Brasil, está certo e apraz-nos salientar como o facto de dois Capuchinhos terem ido miss:onar para o Cairo não foi esquecido pelos cronistas da Ordem e isso mais nos confirma na convicção de que, se algum Barbadinho tivesse então atraves– sado, não apenas o Mediterrâneo, o que era façanha vulgar para um italiano, mas o Atlântico, apesar das muitas dificuldades que a isso se opunham, os cronistas e historiadores dessa Ordem no-lo lembrariam. É-nos também afagador vincar, com o Padre Nembro, a dife– rença que havia entre Espanhóis e Portugueses na admissão de missionários estrangeiros para os seus respecfvos Padroados. De facto, fomos sempre muito mais compreensivos e generosos do que os nossos vizinhos. Haja em vista a atitude que tivemos para com muitos Jesuítas das mais diversas nacionalidades no Brasil, em Angola e em todo o Oriente e para com os Capuchinhos franceses e italianos no Brasil e em Angola. Não sõmente lhes permitíamos que fossem para essas missões e lhes pagávamos a viagem, de ida e volta, mas muitas vezes insistíamos com os seus Superiores Maio– res, e mesmo com a própria Santa Sé, para que no-los enviassem em maior número. Todos esses m'ssionários, porém, deviam passar por Lisboa, onde conseguiam licença de se dirigirem para a região do Ultramar português a que os seus Superiores os destinavam. Ora nem sequer temos o menor indício de licenças dadas no século XVI a Capu– chinhos italianos para missionarem no Brasil. É certo que podia ter acontecido a um barco estrangeiro abordar na costa brasileira e quem não ponderar devidamente as particularidades do caso, pen– sará, como o Padre Nembro, que esses barcos teriam então deixado ali desembarcar frades daquela Ordem sem licença de Portugal. Contudo, barcos :talíanos não frequentavam no referido século a costa do Brasil. Frequentavam-na muito barcos franceses e ingleses, quase todos dirigidos e equipados por protestantes ferrenhos e autênticos piratas, mas tal gente não teria levado um Capuchinho, ou melhor dois Capuchinhos italianos, porque um nunca ia sõzinho. Barcos espanhóis, que iam a caminho do Rio da Prata, também podiam abordar, e alguns de facto abordaram na costa brasileira, mas não levavam Capuchinhos italianos, pois é bem sabido que a Espanha só deixava passar para a América determinadas Ordens 100 {18}

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