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O Padre Nembro fala também da tradição de terem desem– barcado em 1611 em Porto Seguro dois Capuchinhos italianos, que se dedicaram a evangelizar os índios dessa zona, mas ajunta que Pereira, o autor que dá a conhecer essa tradição, a considera vaga e lacónica ( 3 'J). Pena é que este autor não diga onde encontrou essa tradição, para a rejeitarmos esmiuçadamente, mas o facto de ele próprio a ter por vaga e lacónica é suficiente para a não aceitarmos. Num folheto que não há muito se escreveu sobre os Capuchi– nhos no Rio Grande do Norte diz-se que um sertanejo chamado Manuel António de Oliveira Coriolano teria entregue ao desem– bargador Fii'pe Guerra uns apontamentos sobre o Nordeste do Brasil, nos quais se fala da presença de Capuchinhos italianos nessa região desde 1538 e se citam os nomes de dois missionários. O pri– meiro, um tal Padre Anselmo, de origem italiana, chegou ali em 1538, catequizou, ajudado por alguns portugueses, os Índios numa região de Alago<1s, no lugar a que a tradição conservou o nome de Córrego da Missão, e aí construiu uma capela dedicada a S. João Baptista. O outro missionário, o Padre Ângelo de Luca, aparece pelos anos de 1580 a trabalhar no interior da região do Rio Apodi, e fundou aí uma redução que constituiria a base da futura fregue– sia de Apodi, ao mesmo tempo que a humilde capela por ele cons– truída se havia de transformar na igreja matriz ("). O Padre Nembro agarra-se a este testemunho, que franca– mente não nos merece confiança. O sertanejo e o desembargador viveram decerto em tempo muito afastado do século XVI e o que deles chegou ao actual escritor brasileiro precisa de documentos mais antigos para ser aceite. Em Apodi missionaram no século XVIII os Capuchinhos italianos, antes de esse território ser const'– tuído em freguesia, e se tivessem encontrado a tradição de que um confrade, italiano como eles, tinha ali sido o primeiro missionário, não teriam deixado de no-la transm'tir. Não no fizeram, porque não encontraram tal tradição. Nem se pense que os Capuchinhos nos não deixaram notícia sobre a sua estada em Apodi. Por eles sabe- ( 30 ) M. DA MEMBRO. ob. cit., p. 32, onde se cita BASILIO PEREIRA, Os Religiosos CapHchinhos da Bahia e sua Igreja ele Nossa Senhora ela Piedade. Baía, 1909, p, 39. ( 31 ) LUíS DA CAMARA CASCUDO, Os Cap11chinhos no Rio Grande cio Norte, Recife, 1939, p. 4. 96 [14}
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