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Porto Seguro afirma que tinha a naturalidade francesa, supomos tratar-se dum capucho português. Este testemunho, aduzido pelo Padre Nembro, que o conheceu apenas pelas poucas palavras que lhe dedica B. Rower, não serve, portanto, para provar que antes de 1612 os Barbadinhos trabalharam no Brasil. Do que fica dito segue-se também que, quando um autor estrangeiro, principalmente se não for Barbadinho, fala dos Capu– chinhos no Brasil, é preciso examinar donde provém a informação que recebeu. Se a colheu de Portugal, fàcilmente traduzirá Capucho para Capucín ou Cappuccino, e quem o ler pensa que fala dos Ca– puchinhos de origem italiana. É isso o que acontece com o Padre Ou Jarrie, Jesuíta francês, ao afirmar que os Capucins se estabeleceram na Baía em 1595 e pouco depois iniciaram a evangelização dos índios nas margens do Rio S. Francisco (~s). Esses Capucins não eram os Capuchinhos italianos, ou os Barbadinhos, como se inclina a crê-lo o Padre Nembro, mas Capuchos portugueses da Província de Santo Antó– nio, que em 1585 se estabeleceram no Brasil e começaram em 1588 a construção duma casa na Baía, que ainda estavam a edificar em 1592 e da qual as principais dependências se concluíram pouco antes de 1597. Por essa altura pensavam eles iniciar a evangeliza– ção dos Índios do sertão da Baía, decerto os da região do Rio S. Francisco, e para tratar do aviamento dessa missão enviaram a Lisboa o Padre Francisco de S. Boaventura ru). Essas negocia– ções, porém, não surtiram efeito e os Capuchos do Brasil só no fim do século XVII foram missionar para a região do S. Francisco. Decerto os Jesuítas do Brasil no relatório anual ou numa carta de 1595 escreveram que os Capuchos estavam a construir uma casa na Baía e iam m 1 ssionar na região do S. Francisco; o Padre Ou J arrie pôde ler esse escrito e naturalmente, não conhecendo os por– menores da história franciscana, traduziu Capuchos para Capucins, em vez de Récollets. que seria a versão exacta. (~ 5 ) PIERRE DU JARRIC, Histoire des Choses plus memorablcs aduenues tant es Indes Orientales qu'autrcs Pays de la Decorwerte desPortugais, Bordeaux, 1614, p. 462. ( 2 º) Fr. ANTONIO DE SANTA MARIA JABOATÃO, Novo Orde sera– fico brasi/ico, II, Rio de Janeiro, 1859, pp. 49-51 e 58; Província franciscana de Sanot António do Brasil, Ediç,1o comemorativa do Tricentenário 1657-1957, Re– cife, s. d.. p. 69. /13] 95
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