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das Províncias portuguesas, o que motivou protestos dos Capuchi– nhos de origem italiana, ciosos de que o seu nome se não aplicasse a outros. Assim, por exemplo, o Arcebispo de Lisboa pediu a Roma que o seu confessor, era-o um Capucho da Província da Arrábida, não fosse retirado da capital portuguesa; no pedido, exarado em latim, escreveu Capuccinus e a Cúria Romana perguntou o parecer do Procurador Geral dos Capuchinhos Italianos. Este respondeu não ser da sua Ordem, que não tinha casa em Portugal, o referido confessor e protestou contra o facto de o nome e o hábito de Capu– chinho ser usado por quem o não era; pediu mesmo que isso fosse proibido e a Congregação dos Regulares, a 20 de Julho de 1621, acedeu a tal pedido que o Papa confirmou no seguinte dia 31 {2ª). Quando no século XVII apareceram por vez primeira em Portugal ou no nosso Ultramar os Capuchinhos de origem italiana, chamavam-nos Capuchos barbados ou Barbónios, pois o nome Capuchinhos não os diferençava suficientemente dos Capuchos que já cá havia. Mais tarde vulgarizou-se, para os designar, o termo Barbadinhos, chamadoiro interessante e fundamentado no que naqueles Religiosos muito mais do que a forma do capuz, cha– mava a atenção das gentes, isto é, a sua barba. Exposto isto, segue-se naturalmente que, quando em do– cumento português encontramos a palavra Capuchinho, esta não designa sempre um Barbadinho. Assim, no processo que em 1546 se fez em Porto Seguro, no Brasil, :,obre afirmações ou atitudes heréticas do capitão Pedro do Campo Tourinho, aparece ho 1•ir– tuoso padre frey Jorge, capuchinho da ordem de Sam Francysquo, frade baraõ de aprovada e santa uida ( 27 ) ;como então só havia Barbadinhos na Itália e o documento não diz que Fr. Jorge fosse italiano, o que decerto diria, se de facto o era, pois do Vigário de { 26 ) Bib. da Ajuda, Rerttm Lusitanicarnm, vol. XCVII, pp. 184-191 e 192-193. ( 27 ) O processo encontra-se na Torre do Tombo, lnq1tisição de Lisboa, e foi publicado por CARLOS MALHEIROS DIAS, O Regimento feudal das Dona– tárias anteriormente à Instituição do Governo Geral (1534-1539), em História da Coloni:ação portuguesa do Brasil, III, Porto, 1924, pp. 271-283. M. da Nembro consultou apenas B. RO\VER. A Ordem franciscana no Brasil, Petrópolis, 1942. p. 18 onde só se diz que em 1546 exercia o ministério em Porto Seguro o Padre Jorge, Capuchinho de muito santa vida. 94 [12}

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