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Buraco das Tartarugas de que à frente falaremos; aí se detiveram até ao seguinte dia 24 e no 26, festa de Santa Ana, fundearam diante da Ilha Pequena do Maranhão, que era desabitada. Enquanto Des Vaux foi à Ilha Grande saber se os indígenas continuavam no desejo de receber os Franceses e os Capuchinhos, estes desembar– caram solenemente na Ilha Pequena a 29 de Julho, que era domingo, e foram em procissão colocar, numa em:nência ou colina, uma grande cruz de madeira, que Rasilly com alguns dos seus principais subordinados carregavam aos ombros. Chegados ao local escolhido, benzeu-se a Cruz com as bandeiras e flâmulas reais, que ao lado dela, arvorada no chão, ficaram desfraldadas ao vento. A Ilha Pequena foi também benzida e Rasilly deu-lhe o nome de Santa Ana, por aí ter chegado no dia dessa Santa e por uma sua parenta, a Condessa de Soissons, ter esse nome ( 21 ). Martins Soares Moreno em 1618, ao relatar o que fizera no Maranhão em 1613, escreveu que chegara à Ilha Pequena no dia de Santa Ana e, por isso, lhe pusera este nome(""); não há dúv:da, contudo, que neste chamadoiro o antecederam os Franceses que ali tinham che– gado um ano antes. Talvez Soares Moreno, que pelas publicações editadas na França, na Itália e na Alemanha sabia como aquela Ilha era conhecida com o nome de Santa Ana, quisesse atribuir-se a honraria, magra aliás, de lho ter dado. No entanto Des Vaux comunicou da Ilha Grande que os indí– genas receberiam os Franceses de braços abertos e Rasilly, com alguns companheiros, para lá se dirigiu; aí encontraram nada me– nos do que uns quatrocentos compatriotas com navios do Havre e de Dieppe a comerciar, comandados pelos capitães Du Manoir e Gérard (" 3 ). Os Capuchinhos, devidamente avisados, dirigiram-se na noite de 5 de Agosto, acompanhados por Pézieu, para a Ilha Grande, onde desembarcaram na manhã do dia seguinte com grande regozijo dos indígenas. Almoçaram na cabana do cap:tão ( 21 ) C. DE ABBEVILLE, ob. cit., pp. 47-53, onde se não indica o motivo proveniente da Condessa Ana de Soissons, mas Cláudio de Abbeville di-lo na carta de 20 de Agosto, da qual adiante falaremos. ( 22 ) Documentos para a História do Brasil e especialmente a do Cearâ. I, Fortaleza, 1904, p. 135. (~ 3 ) Brief R.ecveil des particl'larite:: contenves avx Lettres enuoyées par Mons/eur de Pezieu, Lyon, 1613, p. 5. [9} 91

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