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Responde-lhe o frei Mateus, de Coimbra, no dia 24 de Março seguinte: «A propaganda católica, outros a podem fazer. Estou ce1io que Nosso Senhor, vista a penúria que temos de padres e a obrigação que os nossos Superiores Maiores nos impuseram ao mandarem-nos para Portugal que foi de fonnam1os bem novos Capuchinhos, não nos pedirá contas. Por enquanto estamos para isto, e mais tarde faremos também o resto. Não devemos fugir, portanto do fim que Deus por meio dos nossos Superiores nos impôs. A imprensa é boa e necessária, mas , é para nós fim secundário. Devo, pois, dizer a V. Rev. que, embora admire e louve a sua recta intenção e boa vontade, terá de deixar essa sua actividade para se dedicar a outra, confonne a Obediência, a tempo, o indicar. Peço, então, que procure vender o mais rápido possível esta 3ª edição, nada fazendo para uma nova sem antes falar comigo. Inclino-me antes que procure quem lhe fique com essa 4ª edição ou direitos autorais, p. ex. os Paulistas, para que o bem que faz, não se suspenda. Se esta modalidade for possível, gostaria de saber antes por quanto vende, como vende e a quem vende.» E noutra, de 27, também de Coimbra, conclui: «presente– mente, devido às nossas circunstâncias, temos que tomar esta resolução, que V. Rev. receberá com verdadeiro espírito da santa Obediência. E a si, Deus não pedirá mais.» Mas o sonho continua O sonho poderia ter-se intenompido aqui, como se denamou o leite do pote de Mofina Mendes no auto homónimo de Gil Vicente. Só que o frei Inácio não parecia admirar a "obediência cega", então muito elogiada por alguns mestres espirituais. Nem era homem de desistir perante as dificuldades. Nas longas horas de oração e na leitura da Bíblia, encontrava o jeito de seguir em frente sem mudar de caminho, harmonizando a sua vocação para o apostolado bíblico e a vontade dos Superiores, como duas expressões complementares da vontade de Deus a seu respeito. Apesar disso, o contexto não facilitava o andamento das coisas ao seu jeito. Por três razões, subjacentes às caiias do frei Mateus: no ano anterior, o Ministro Geral tinha enviado uma Carta Circular a toda a Ordem, alertando para o voto de pobreza e a utilização do dinheiro; a nossa recente fundação em Portugal carecia de sacerdotes para formar os candidatos; enfim, as carências económicas eram muitas, e o frei Inácio, aparentemente, «gasta esmolas que poderiam, talvez, ser conseguidas para as nossas obras» - dizia o frei Mateus. No Arquivo da Cúria Provincial de Lisboa não existe mais con-es– pondência escrita entre o frei Inácio e o frei Mateus até 8 de Fevereiro de 1954. Nesse mês, o frei Inácio tinha sido mandado para Vila Nova de • 8 .
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