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96 ANTÓNIO MONTEIRO Norma para o Concílio, o homem é apresentado no texto como critério geral de orientação em relação a toda a realidade: «Tudo quanto existe sobre a terra deve ser ordenado cm função do homem, como seu centro e seu tenno: neste ponto existe mn acordo quase geral entre crentes e não crentes» 528 . A afirmação encontrava-se no segundo texto ou redacção da Constituição Pastoral, em relação apenas com a organização social 529 . A partir, porém, da terceira redacção, recebeu esta perspectivação universalista 530 • Dentro dela, o homem passa a ser a grande lei moral. É o que se chama hoje a lei do homem 531 . Como tal, é ele quem dá propriamente significado à ordem moral 532 • Já o dis– sera, na primeira sessão, o Bispo de Stokolm, na Suécia, afirmando: «No homem. é onde se encontra imanente a ordem moral» 533 • Por isso o Patriarca dos maronitas falou também de uma moral «à escala do homem» 534 • À luz de uma tal afirmação, estando o homem no centro de tudo e devendo tudo sobre a terra ser orientado para ele e para o seu ser– viço, é claro que também a natureza tem que estar orientada por ele. Trata-se de uma das grandes conquistas da moral no nosso tempo 535 • Em. tal perspectiva, não se pode continuar mais a divinizar a natu– reza, no segui1nento de uma moral civada de estoicismo, c1tja dinâ– mica contagiou profundamente a teologia moral que se tem vindo a ensinar até agora. Tenhamos presente que o próprio Santo Tomás não escapou a um tal contágio. Também. ele fala do bem. do uni– verso como critério moral 536 • Trata-se de uma visão que terá de ser abandonada. Não é a natureza quem comanda a vida moral. É o horn.em . Segundo o texto conciliar, tudo está ao seu serviço. Ele é o centro de tudo o que existe sobre a terra. Nesta perspectivação geral do homem como norma 111.oral, o texto conciliar refere-se ao pecado, como realidade moral de sentido 528 G. S., n. 12. 529 Co11stitutio pastora/is, cap. I, n. 11, Ada IV, I, p. 443. 530 Sche,na co11stit11tio11is, pars I, cap. I, n. 12, Acta IV, VI, p 434. 531 J. MoLTMANN, E/ hombre (Trad. espanhola), Salamanca 1973, p. 107. 532 A. MoLINARO, Libertà e cosciwza, Roma, 1977, p. 30. s33 Acta III, T7, p. 499. 534 Ibidem, p. 569. 535 J. GRÜNDEL, l'vfütevole e i11111111t,1bilc 11ella teologia mora/e, (Trad. italiana), Brescia 1976, p. 50. 536 S. THOMAS, Sw11111a Theologiae, I-II, q. 109, a. 3, em Opera Om11ia vol. III, Romae 1892, p. 295.

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