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PREFÁCIO O homem é o centro do cosmos. Faltando o homem, o mundo ficaria sem sentido. É um dado que nos vem da revelação de Deus. Di-lo o Antigo Testamento (Gen 1,28). Confirma-o o Novo Testamento (1 Cor 3,21-22). Trata-se de uma perspectiva do homem que se vai tornando histcÍria, cada vez mais, dentro da histcÍria do mundo. Libertando-se progressiva– mente da visão cosmocêntrica do pensamento grego, a nossa civilização e wlt11ra, com todos os seus modelos e categorias, ca111i11ha111 decisiva– mente para uma visão sempre mais antropocêntrica. O renascimento, as descobertas de novos 1111111dos, a revolução francesa, de face e sentido llllmanista, os movimentos sociais que se lhe seguiram, as democracias e pluralismos culturais, aos mais diversos níveis, as proclamações insistentes e solenes dos direitos do homem, o triunfo das ciências lu11na11as, o do111í11io pelo homem dos espaços planetários e inter-planeüÍrios, no, últimos séculos, marcaram passos gigantescos nesta caminhada. A Igreja e a sua teologia que, em determinados momentos 1111c1a1s, se mantivera reticente nesta perspectivação do homem, pela mão de um grande Pontífice, o Papa João XXIII, no Concílio Vaticano II, incorporo11-se, quase tentou pôr-se à frente, neste eiforço de promoção h11111a11a. Toda a reflexão conciliar, muito especialmente a Consrituição Pastoral sobre a Igreja no Mundo Contemporâneo, quase não tem outro sentido. Bastaria termos presente entre outras uma das afirmações centrais da «Gaudium. et Spes»: «Tudo quanto existe sobre a terra deve ser ordenado em função do homem, como seu centro e seu termo: neste ponto existe 11111 acordo quase geral entre crentes e não crentes» (G. S., 12). Assumindo 11111a tal posição, em termos claros e decisivos, o Concílio provocou uma viragem lzistcÍrica, de alcance imprevisível, em muito aspectos da acção e do pensamento eclesial. Tal viragem tem reflexos marcantes, sobretudo a nível de ética e vida responsável do homem. Os critérios e princípios da moralidade, i111preterivel111e11te, têm pelo menos que mudar de acento. Houve tempos em que ia buscar-se a norma da moralidade à lei natural, à natureza, ao direito natural, à lei eterna,
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