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24 ANTÓNIO MONTEIRO notar, de uma forma ou outra, antes do Concílio. Depois, porém, foi-se afirmando sempre mais. Cada vez a moral se faz mais a partir do homem concreto, do homem histórico. Não a partir de leis ou conceitos mais ou menos abstractos, tais como: natureza, lei natural, etc. Por tal motivo, para o avanço e orientação desta renovação da moral, tem muito interesse ver até que ponto o Concílio optou por uma tal visão e processo moral. Outro motivo importante está no problema do ecumenismo por um lado, e na pacificação dos homens por outro. São problemas que muito têm preocupado a Igreja e o mundo cm geral nest.::s últi– mos anos. Parece, com efeito, que há-de ser, sobretudo, com base numa moral a partir do homem, e do homem historicamente situado, que se encontrará a solução para estes gravíssimos problemas. O homem, de facto, é um dado comum que todos facilm~n te acei– tam, sobretudo se ele se considerar na sua existencialidade real, concreta, histórica. Como dado facilmente aceite por todos, pode converter-se, sem grande dificuldade, cm lugar de encontro para todos, mesmo para os c1ue não crêem ou não aceitam Deus. Nesse sentido, o nosso trabalho tem também o seu interesse. De facto, se chegarmos à conclusão que o Concílio fez opção por esta moral a partir do homem, está aplanado o caminho para a união de todos os cristãos e para o encontro entre todos os homens a nível de vida e actividade responsável que é sem dúvida o mais importante. Um terceiro motivo vêm.o-lo no facto de ser o homem o sector onde hoje se verificam os maiores e mais sérios atentados à moral. Bastaria ter presentes: o aborto generalizado e legalizado, os geno– cídios de todo o género que se verificam cm tantas partes, as guerras indiscriminadas, muitas vezes com a ameaça subjacente de uma destruição total da humanidade, a fome que arruína ou inutiliza tantas vidas humanas, as injustiças, a manipulação do homem, as torturas, a marginalização, a instrumentalização, a objectivação do homem, etc. etc.. Não se pode negar que é necessário fazer emergir o homem como fonte primordial de deveres morais. Tarn.bém neste sentido, um caminho lógico para isso parece ser a demonstração de que o Concílio Vaticano II fez sua esta visão do homem, colocando nele a fonte central com. a qual há que confrontar necessariamente a responsabilidade humana. Finalmente, um outro motivo para este trabalho é a falta de um estudo do género em tomo à Constituição Pastoral sobre a Igreja no mundo contemporâneo. Sabemos, de facto, que foram já estu-

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