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O HOMEM FONTE DE MORAL OBJECTIVA 23 desta felicidade que se sabe o que é bom e o que é mau 13 • Aqui viria também a moral da razão humana, própria da escola tomista 14 • Nesta perspectiva, está igualmente a moral da natureza humana, como a expõe, entre outros, Francisco Suarez 15 . Segundo ele, deve ser a natureza humana a dar o último critério da moralidade. A moral da liberdade humana situa-se também aqui, no sentido em que propõe como fonte última da moralidade, a conformidade com a liberdade do homem 16 • Também a moral existencialista ou sartriana tem aqui o seu lugar ao estabelecer, como fonte objectiva de moralidade, a opção que o homem vai fazendo em cada momento 17 • O mesmo se diga da moral a11árq11ica. Estabelece ela como fonte objectiva da moral o homem, mas um homem considerado apenas como indi– víduo, excluída toda e qualquer relação com os demais 18 • A moral positivista de A. Comte pertence igualmente a este grupo, uma vez que considera, como fonte de m.oral objcctiva, apenas o sentimento do homem, o seu altruísmo, etc. 19 • Perante uma tal gama de opiniões quanto à fonte objectiva da moral na dupla vertente que prescinde do homem ou o considera parcelarmente, é interessante saber de qual delas se aproxima a visão moral que encontramos na Constituição Pastoral sobre a Igreja no mundo contemporâneo. Veremos que o texto conciliar, ao deter– minar a fonte objectiva central da sua moral, escolhe fundamental– mente o homem. Não o homem considerado num ou noutro aspecto, mas o homem todo, cm todas as suas dimensões. Dele, sobretudo, faz partir a sua moralidade. Poderá perguntar-se qual o motivo para afrontarmos esta pers– pectiva da Constituição Pastoral. São vários os motivos que justi– ficam a presente investigação. O primeiro está certamente no facto de a centralidade do homem, a nível moral, ser o ponto fulcral donde emerge a visão renovada da moral. Uma tal visão já se vinha fazendo 13 Cfr. J. LEONARD, Le bo11/1eur c/1ez Aristote, Bruxelles 1948; R. A. GAUTHIER, La mora/e d'Arístote, Paris, 1958. 14 S. THOMAS, S11111t11a Theologiae, I-Il, q. 71 De vítiis et pecwtis sec1111d11111 se, a. 6,5 em Opera O11111ía, vol. VII, Romae 1892, p. 9. 15 F. SuAREZ, De bonita/e et malítía obiectíva l111111a11om111 ac/1111111, Dísputatío II, Sect. I, n. 10, em Opera Om11ía, Parisiis 1856, p. 294. 16 H. DUMERY, Phílosophie de la religío11, vol. I, Paris 1957, p. 287. 17 Cfr. J. P. SARTRE, L'Etre et /e Néant, Paris 1943; IDEM, L'Existe11tialisme est u11 /111111a11is111e, Paris 1945; IDEM, Critique de la raison dialectique, Paris 1960. 18 M. STIRNER, Der Einzige 1111d sei11 Eigen/11111, Leipzig 1822, p. 373. 19 Cfr. H. Goumm, La jcu11esse d'A11g11ste Com/e et la Jormatio11 du positívísme, Paris 1933-1941; H. DE LUBAC, Le drame de /'H11111a11ísme athée, Paris 1945, pp. 135-278.

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