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O HOMEM FONTE DE MORAL OBJECTIVA 165 3. A nível de investigação e ciência moral - À luz do homem, visto na perspcctiva de norma funda– mental na vida moral, parece que não se pode insistir demasiado na apresentação de uma moral própria e especificamente cristã. Na mesma linha, parece que poderia levantar-se o problema se poderá continuar a acentuar-se rigorosamente o conceito de uma doutrina social da Igreja. Se o ponto de partida é o homem, o homem real e con– creto, será que, mesmo um ateu ou incrédulo, não pode chegar às mesmas conclusões morais que os cristãos? Pensemos cm pessoas que não receberam a fé ou o anúncio do Evangelho e, na rectidão e fideli– dade à sua consciência e com boa vontade, estão atentos ao homem e às exigências morais que partem do ser humano. Não poderão chegar às mesmas conclm,ões morais que nós? Não poderão chegar lá, até mais depressa, no caso de nós não estarmos e eles estarem atentos ao homem? Em si mesma, a nossa condição de cristãos deveria permitir-nos apenas chegar mais depressa, pela luz da reve– lação, ali onde todos os homens podem e devem chegar, se souberem ler o livro do homem, na sua realidade existencial. Parece-nos ser uma conclusão do ensinamento e perspectiva conciliares. - Partindo do mesmo princípio do homem, como norma e princípio fundamental da vida moral, não se pode dar verdadeira ciência moral, se não se partir do homem. Há que partir do homem, do homem concreto, histórico, como realidade irrepetível, usando a expressão da «Rede111ptor Hominis». Neste sentido, hoje faz parte necessariamente da ciência moral tudo o que ajudar a conhecer melhor o homem, na sua existencialidade. Por isso a interdiscipli– naridade, na moral, é critério absoluto, nomeadamente pelo que se refere a todas as ciências do homem: filosofia, psicologia, sociologia, psicanálise, medicina, história, etc. - Recordando que as situações históricas em que o homem e cada homem pode encontrar-se constituem tam.bém. fonte de moral, não pode mais fazer-se moral de gabinete, vivendo isolado das pessoas. Todo o moralista tem que manter, em maior ou m.enor escala, um contacto vivo e vital com as pessoas, nomeadamente com aquelas em relação às quais pensa definir normas morais. Precisa de tais contactos para saber da sua condição, idade, situação, cultura, geografia, do seu passado, do seu presente, do seu futuro, etc.

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