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154 ANTÓNIO MONTEIRO todos devemos partilhar os bens com aqueles que deles precisam 990 • Lembrava ainda o Bispo de Oruro, na Bolívia, que o homem não tem. direito aos bens que forem para além do suficiente, quando existir alguém que carece do necessário para si ou para a sua família 991 • O mesmo Relator oficial, ao apresentar o primeiro texto, falava da «Igreja imbuída toda ela pelo respeito do homem, toda aberta e. de espírito vigilante para compreender os homens, as suas necessidades, as suas condições reais, as suas dificuldades, os seus problemas» 992 • Era o pensamento dominante na generalidade dos Padres Conciliares. Bem o revela a sua mensagem final, ao concluir os trabalhos do Concílio. Falando aos trabalhadores, assim lhes dizem: «Filhos muito amados, estai certos, antes de mais nada, que a Igreja conhece os vossos sofrimentos, as vossas lutas, as vossas esperanças» 993 • E, dirigindo-se aos doentes: «Irmãos muito amados, todos nós sentimos n:.percutir profundamente. no nosso corar,;ão de pais e pastores, os vossos gemidos e a vossa dor» 994 • Era o que queria dizer também Paulo VI quando, no desejo de interpretar a alma do Concílio, o comparou ao Bom Pastor que vai cm procura da ovelha perdida e a traz aos ombros, cheio de alegria 995 • É o sentido do que ele mesmo diz, no momento preciso cm que promulgava a Constituição Pastoral: «Aquela antiga história do bom samaritano foi exemplo e norma. Por ela se orientou o Concílio. Com efeito, um imenso amor para com os homens penetrou o Concílio. A desco– berta e a consideração das necessidades humanas - que são tanto mais molestas, quanto mais se levanta o filho desta terra, - absor– veram toda a atenção deste Concílio» 996 • Já antes do Concílio, o Papa João XXIII se. situava nesta mesma visão dos deveres morais que partem de todo o que está em. necessidade, ao dizer na «Mater et lv1agistra»: «Todos nós somos solidários e responsáveis pelas povoa– ções subalimentadas. Por isso, é ncccss;írio educar a consciência no sentido da responsabilidade que pesa sobre todos e cada um, nomeadamente sobre a consciência dos mais favorecidos» 997 • 990 Acta IV, III, 410. 991 Ibidem, p. 450 9 92 Relatio ge11eralis, Acta III, V, p. 204. 993 N,mtii -A11x tra,,ailleurs, AAS 58 (1966) 16. 994 IDEM - A11x pmwres, aux ,na/ades, à tous q11i sotifrent, AAS 58 (1966) 16. 995 PAULUS VI, Nimti11s radiop/1011iws imiuersis catlwlici orbis cristijidelibus, christianis fratribus, wnctis lwminilms ob celcl,randa Natii,ifatis Domini nostri Iesu Cliristi sollenmia, .4AS 58 (1966) 93: «La figura cvangelica dcl pastore che cerca, che rincorre, che si affanna per rintrac– ciarc la pecara sfuggita, ha dominato il Concilio•. 996 IDEM, Homilia ad Palres conciliares, AAS 58 (1966) 55. 997 IOANNES XXIII, Litterae E11cyclicae •Mater et Magistra», AAS 53 (1961) 440.

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