BCCCAP00000000000000000000531

150 ANTÓNIO MONTEIRO homem. Elas confundem-se com o próprio homem. São o homem concretizado historicamente. Representam o homem situado. Por outro lado, tais circunstâncias ou situações são sempre concretas, históricas. Conhecem-se pelo nome próprio, pela sua existenciali– dade. São mais um aspecto do homem, igual aos anteriores, que o identificam, no texto conciliar, como verdadeira fonte objectiva de moralidade. Uma destas situações é a angústia, o sofrimento, a tristeza, a alegria, a esperança dos homens: «As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos os que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo; e não há realidade alguma, verdadeiramente humana, que não encontre eco no seu coração» 962 • Trata-se de uma série de situações em que o homem se pode encontrar e levam consigo o dever da solidariedade para todos os que são discípulos de Cristo. Colocada no início da Constituição Pastoral, uma tal afirmação significa que o próprio texto conciliar não é senão o cumprimento dum dever imposto pelas referidas situações. Tal perspectiva acompanhou toda a elaboração do texto, nas suas diversas etapas, como o comprova o facto de um.a seme– lhante afirmação se encontrar no início de todas as redacções, desde a primeira até à última 963 • Por isso mesmo, as primeiras palavras deste texto-<<Ga11di111n et Spes»-passaram praticamente a designar o texto da Constituição Pastoral. Enunciam-se depois outras circunstâncias de sofrimento, possi– velmente ainda mais concretas, que provocam em todos automa– ticamente o dever moral do serviço: «Sobretudo em nossos dias, urge a obrigação de nos tornarmos o próximo de todo e qualquer homem, de o servir efcctivamente quando vem ao nosso encontro - seja o ancião abandonado de todos, ou o operário estrangeiro, injustamente desprezado, ou o exilado, ou o filho duma união ilegítima que sofre injustamente, por causa dum pecado que não cometeu, ou o indigente que interpela a nossa consciência, recor– dando a palavra do Senhor: 'Todas as vezes que o fizestes a um destes meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes' (Mt 25.40)» 964 . 962 G. S., n. 1. 963 Se/tema De Ecclesia, prooemium, n. 1, Acta III, V, p. 116; Co11stítutio pastoralis, prooe– mium, n. 1, Acta IV, I, p. 435; Schema co11stítutío11is, prooemium, n. 1, Acta IV, VI, p. 421. 964 G. S., n. 27.

RkJQdWJsaXNoZXIy NDA3MTIz