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116 ANTÓNIO MONTEIRO É a linguagem que encontrámos, em termos idênticos, quer na segunda, quer na terceira redacção 699 • Alude-se, certamente, nesta maneira de falar, ao comunismo ateu que está no centro de tal afirmação conciliar 700 • Havia, de facto, um número considerável de Padres que pedia se condenasse expressamente o comunismo, precisamente pela sua oposição radical à dignidade humana. Podemos recordar, a título de exemplo, o Bispo de Sessa Arunca, na Itália 701 • O Concílio não quis condená-lo em termos directos e explícitos. Preferiu, certamente por razões pastorais, fazê-lo de modo indirecto, com a inclusão no texto das palavras que acabamos de referir e com a citação de todos os documentos anteriores do magistério, nos quais, expressa e solenemente, um tal sistema havia sido reprovado e condenado 702 • De resto, a dignidade humana, apresentada como critério moral para a actividade da Igreja, foi salientada, logo de início, pelo Relator oficial, quando apresentava o primeiro texto da Constituição Pastoral: «A Igreja está destinada ao serviço dos homens, para a sua salvação eterna, na qual vai incluído ta1nbém o serviço que ela presta à digni– dade e ao bem do homem» 703 • Um tal critério moral estava, igual– mente, muito presente na mente dos Padres, na hora de começar o Concílio. Na mensagem inicial que eles mandaram a todos os homens, assim lhes diziam: «Olhamos constantemente para os que, desprovidos dos auxílios oportunos, ainda não atingiram um nível de vida digna do homem. Por tal motivo, nos nossos trabalhos, vamos dar grande importância a tudo aquilo que se relacionar com a dignidade do homem» 704 • O mesmo revela a sua mensagem final, na conclusão do Concílio. Falando aos jovens, dizem: «A Igreja deseja que esta sociedade que vós ides constituir respeite a dignidade, 699 Co11stit11tío pastora/is, pars I, cap. I, n. 19, Acta IV, I, p. 448. Scliema constitutio11is, pars I, cap. I, n. 21, Acta IV, VI, p. 439. 70 ° Constitutío pastora/is, Relatia generalis, Acta IV, I, p. 530; Scl,ema co11stit11tio11is, Relatia ad num. 20. Ada IV, VI, p. 445; Schema co11stitutio11is, expensio modonm1, ad num. 21, Acta IV, VII, p. 398. 701 Acta IV, III, p. 789. 702 Prns XI, Litterae Encyclícae «Diví11i Redemptoris», AAS 29 (1937) 65-106; Prns XII, Epistula E11cyclica «Ad Apostolorum Pi11cipis» AAS 50 (1958) 601-164; loANNES XXIII, Litterae Encyc/icae «Mater et Magistra•, AAS 53 (1961) 451-453; PAULUS VI, Litterae Encyc/icae «Eccle– siam Suam», AAS 56 (1964) 651-653. 703 Relatio, Acta III, V, p. 211. 704 N1111ti11s ad universos /10111i11es S111111110 Po11tifice asse11tiente a Patrib11s missus ine1111te Co11cilio Oewmenico Vaticano II, AAS 54 (1962) 823: «Constamer in eos respicientes qui, defi– ciente auxilio opportuno, nondum ad vivendi rationem homine dignam pervenerunt. Quaprop– ter, in labore obeundo nastro, magni faciemus quaecumque ad dignitatem hominis spectant».

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