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O HOMEM FONTE DE MORAL OBJECTIVA 113 bens com a pessoa 678 • A nomeação explícita da propriedade foi pedida para se não pensar que o Concílio era pela supressão da propriedade privada 679 • Com esta justificação da propriedade privada e da posse dos bens, a partir da pessoa como tal, deve ficar bem dara a conclusão de que a propriedade privada, com todo o alcance que pode ter, deixa de ser coisa sagrada, intocável, como por vezes ela foi apresentada, até no próprio contexto da doutrina da Igreja 680 • O único sagrado e intocável é o homem. Por isso, para cumprir o destino universal dos bens, se for necessário tocar na propriedade privada, pode e deve tocar-se-lhe. Não é possível nem legítimo o conceito napoleónico da propriedade como direito de gozar e dispor das coisas, de modo absoluto, tendo apenas a lei como limite. O limite há-de ser, não a lei, mas o homem, todos os homens. Nesse sentido, a propriedade tem sempre uma perspectiva social, a nível moral 681 . É a consequên– cia deste critério moral da propriedade, a partir da pessoa. Por outro lado, uma tal moral da propriedade está também em contra– posição com. o conceito marxista. Para Marx, a propriedade pri– vada, não só não é uma exigência da essência do homem, mas é até uma instituição contra o homem, contra a sua mesma essên– cia682 · O texto conciliar afirma exactarn.ente o contrário. É o próprio ser do homem que exige e reclama a propriedade privada. Por isso mesmo, na lógica de uma tal visão conciliar, a propriedade privada, de uma forma ou outra, deve fazer-se acessível a todos e cada um dos homens, como exigência do seu ser pessoal. Finalmente, tarn.bém. a nível da moral política, o homem é apre– sentado pelo texto como norma e fonte de moral. Ele deve estar na razão das diversas formas que a política pode revestir, de acordo com a índole e progresso histórico dos povos. Da política se diz: •Deve estar sempre ordenada para a formação de homens cultos, pacíficos e benévolos para com. todos, em proveito de toda a família humana» 683 • 678 Scl1ema co11stit11tio11is, pars II, cap. III, n. 75, Acta IV, VI, p. 512. 679 Schema co11stit11tio11is, cxpe11Sio modor11111, ad num. 75, Acta IV, VII, p. 552. 680 T. MULDER, Vida eco11ámico-social, em A Igreja, p. 442. 681 B. HAERING, Di11a111is1110, p. 160. 682 K. MARX, A1a11oscritti, p. 42. 683 G. S., n. 74. 8

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