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106 ANTÓNIO MONTEIRO Passando da moral do matrimónio para o campo da wlt11ra, o homem continua a ser norma. Assim é a re~peito do pro– gresso cultural: «A cultura deve progredir de tal modo que desenvolva, harmónica e integralmente, a pessoa humana e ajude os homens no desempenho das tarefas a que todos, e sobretudo os cristãos, estão chamados,> 613 . A afirmação surgiu na terceira redacção 614 . Ficou, sem modi– ficação, no texto definitivo. A pessoa humana constitui, para a cultura, um limite e um con– dicionamento moral, pois deve conservar no homem a sua capaci– dade de contemplação e admiração» 615 • Tem como dever funda– mental «salvaguardar a integridade da pessoa humana na qual sobressaem os valores da inteligência, da vontade, da consciência, da fraternidade» 616 • Deste modo, dando a pessoa do homem como norma à cultura, o texto conciliar opta expressamente pela ptrsonalização da cultura a que se refere E. Mounier 617 , personalização que exige que a cul– tura não seja comandada, prevalentemente, pelo poder político, económico ou pelas suas conveniências 618 , mas sim pela pessoa, na sua qualidade de imagem de Deus, conceito marcadamente acentuado em toda a Constituição Pastoral, mas muito especialmente neste capí– tulo da cultura 619 • Compreende-se uma tal norma conciliar, tendo presente que poucas coisas andam tão ligadas ao homem como a cultura 620 • O homem é sempre, criador e obra, ao mesmo tempo, da própria cultura 621 • Na linguagem de E. Fromm, é nela e por ela que o homem se vai dando à luz, em cada momento 622 . A conclusão lógica de um tal critério conciliar é que a cultura tem necessariamente de desenvolver o homem com tudo o que nele existe de melhor: a consciência, o sentido de plenificação, a inteligên– cia, etc. 623 . 613 G. S., n. 56. 614 Sc/1e111a co11stít11tio11is, pars II, cap. II, n. 60, Acfo IV, VI, p. 493. 615 G. S., n. 56. 616 Ibidem, n. 61. 617 E. MouNIER, li personalismo, (Trad. italiana), Milano 1952, p. 126. 618 A. DüNDEYENE, Promozione e progresso dei/a cultura, em La C/Jiesa, p. 206. 619 C. MoELLER, A promoção da wlt11rn, em A Igreja, p. 379. 620 J. ENDRES, art. cit., p. 189. 621 J. MOLTMANN, o. e., p. 27. 622 E. FROMM, o. e., p. 200. 623 B. HAERJNG, Dinamismo da Igreja num mrmdo novo, (Trad. portnguesa), Porto 1969.

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