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INSPIHAÇAO E INEHltANCIA 159 hagiógrafo, pois a acção formal do influxo inspirativo recai sobre o juízo, e não afeeta necessàriamente o acto de captar material para o juízo, que, na realidade é anterior ao próprio facto de julgar. Por isso, é necessário distin– guir os conceitos de «revelação» (inclui sempre a comuni– cação de verdades novas e desconhecidas da parte do que as recebe) e de «inspiração». Apesar disso, mesmo quando o autor sagrado não receba, muitas vezes, novos conheci– mentos de ordem sobrenatural, contudo, ainda neste caso ele se apercebe dos que tinha por processo intelectual natural, sob a influência de uma nova luz sobrenatural, suficientemente clara e transcendente, para emitir um juízo divino sobre a sua verdade especulativa. Para a composição do livro, não se exclui, pois, uma acção labo– riosa de provisão de materiais da parte do autor humano, como costuma acontecer a qualquer escritor profano. (Luc. 1, 4-4; l\farc. 2, 24-32). Até nesta selecção de materiais, o hagiógrafo está sob uma especial assistência de Deus, que o preserva de toda a possibilidade de erro. Contudo; dá-se, muitas vezes, o caso de u:tn.a revelação estricta de verdades desconhecidas, naturais ou sobrena– turais, como sucedia com muitos profetas escritores. Também é necessário supor um influxo causal físico, directo ,da parte da causa principal, na vontade do au– tor sagrado, para que escreva esses conceitos teóricos, resultado simultâneo da elaboração intelectual humana e da iluminação especial e sobrenatural de Deus, pois o fim específico da moção inspirativa é precisamente co– municar, em benefício da comunidade religiosa, os juízos divino-humanos do hagiógrafo, para a edificação e ilus– tração religiosa dos destinatários. Se o escritor fosse movido a escrever unicamente por impulso da sua· von– tade hu:tn.ana, sem moção especial de Deus, já não seria verdadeiro instrumento de Deus, mas neste caso seria verdadeira causa principal, deslocando todo o elemento divino requerido para que o efeito, isto é, a obra, seja, de algum modo, divina. Supor como necessária essa mo– ção especial de Deus, não significa que o hagiógrafo

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