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15 Testamento de nosso pai São Francisco 1 Foi assim que o Senhor concedeu a mim, Frei Francisco, começar a fazer penitências: como eu estivesse em pecados, parecia-me sobremaneira amargo ver leprosos. 2 E o próprio Senhor me conduziu entre eles, e fiz misericórdia com eles. 3 E afastando-me deles, aquilo que me parecia amargo se me converteu em doçura de alma e de corpo; e, depois, demorei só um pouco e sai do mundo. 4 E o Senhor me deu tão grande fé nas igrejas que simplesmente eu orava e dizia: 5 Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, aqui e em todas as vossas igrejas que há em todo o mundo, e vos bendizemos, porque, pela vossa santa cruz, remistes o mundo. 6 Depois, o Senhor me deu e me dá tanta fé nos sacerdotes que vivem segundo a forma da santa Igreja romana – por causa da ordem deles – que, se me perseguirem, quero recorrer a eles. 7 E se eu tivesse tanta sabedoria quanta teve Salomão (cf. 1Rs 4,30-31) e encontrasse sacerdotes pobrezinhos deste mundo, não quero pregar nas paróquias em que eles moram, passando por cima da vontade deles. 8 E a eles e a todos os outros quero temer, amar e honrar como a meus senhores. 9 E não quero considerar neles o pecado, porque vejo neles o Filho de Deus, e eles são meus senhores. 10 E ajo desta maneira, porque nada vejo corporalmente neste mundo do mesmo altíssimo Filho de Deus, a não ser o seu santíssimo corpo e seu santíssimo sangue que eles recebem e só eles ministram aos outros. 11 E quero que estes santíssimos mistérios sejam honrados e venerados acima de tudo e colocados em lugares preciosos. 12 Os santíssimos nomes e palavras dele escritos, se por acaso eu os encontrar em lugares inconvenientes, quero recolhê-los e rogo que sejam recolhidos e colocados em lugar honesto. 13 E a todos os teólogos e aos que ministram as santíssimas palavras divinas devemos honrar e venerar como a quem nos ministra espírito e vida (cf. Jo 6,64). 14 E depois que o Senhor me deu irmãos, ninguém me mostrou o que deveria fazer, mas o Altíssimo mesmo me revelou que eu deveria viver segundo a forma do santo Evangelho. 15 E eu o fiz escrever com poucas palavras e de modo simples, e o senhor papa mo confirmou. 16 E aqueles que vinham para assumir esta vida davam aos pobres tudo o que podiam ter (cf. Tb 1,3); e estavam contentes com uma só túnica, remendada por dentro e por fora, com o cordão e calções. 17 E mais não queríamos ter. 18 E nós, clérigos, rezávamos o ofício como os outros clérigos, os leigos diziam os Pai-nossos (cf. Mt 6,9-13); e de boa vontade ficávamos nas igrejas. E éramos iletrados e submissos a todos. 20 E eu trabalhava com as minhas mãos (cf. At 20,34) e quero trabalhar; e quero firmemente que todos os outros irmãos trabalhem num ofício que convenha à honestidade. 21 Os que não sabem trabalhar aprendam, não pelo desejo

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